quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Reflexão sobre o papel da publicidade a partir do Livro: A publicidade é uma cadáver que nos sorri.

Por Tatianna Carvalho

O mundo da publicidade desde seu início é um mundo de sonhos em que nem as fábulas e os filmes mais bonitos se comparam. Mostra o que o público deve ser e ter se tornando estúpido por não mudar sua estrutura em todos esses anos.
A publicidade é uma criminosa, nela vemos e ouvimos absurdos, afinal as somas com publicidade no mundo inteiro são absurdas, ela nunca aborda o lado ruim do produto, mente absurdamente sobre o que fala nos levando a consumir algo que não consumiríamos. Mostra apenas o lado bom das coisas excluindo em grande parte os problemas sociais. Nos torna frustrados quando não temos como ter algo que ela nos mostra e por aí vai.
O que é intrigante, é que a publicidade pode ir muito além do que ela se mostra, não utiliza o verdadeiro poder que tem. A marca de roupas Benetton foi a primeira a desafiar a então “estrutura da publicidade” com suas campanhas que abordavam temas de conflito da atualidade como anti-racismo, a luta contra a AIDS, o mal da guerra e muitas outros. A boa publicidade deve mexer com o público e se isto é feito de forma a manipular porque não usar este poder para coisas boas? Essas campanhas sofreram duras críticas e foram rejeitadas em muitos países. Seja por uma compreensão errada ou pelo fato de utilizarem seu poder de meio de comunicação para fazer o público refletir. Somente uma empresa de grande porte como a Benetton poderia defender uma causa entrando numa briga com parte do mundo e Oliviero Toscani teve seu sonho realizado quando lhe deram esta oportunidade pois ele sempre viu na publicidade algo bem maior do que uma fábrica de ilusões.
Em todas as causas abordadas nas campanhas Benetton, a campanha sobre a AIDS foi a que teve mais repercussão, pois mostrava um moribundo da doença com seus pais, uma imagem muito forte que passava a idéia dos últimos momentos de vida de um aidético e suas condições. Esta campanha ajudou muitos países a abrir os olhos e melhorar suas campanhas de prevenção tornando-as mais realista. E a publicidade não pode ter esse papel? De quem é a culpa do fato de a publicidade ser encarada como artifício apenas de vendas e não um meio de comunicação sério? Os publicitários hoje tem uma idéia antiquada de que a publicidade deve provocar sonho e não raciocínio daí a rejeição pelos anúncios principalmente pela imprensa. De todas as críticas analisemos a dos publicitários. Será que eles estavam com inveja por não terem tanta ousadia ou achavam as campanhas uma ameaça a “publicidade tradicional” que se faz apenas para vender, quebrando seu sistema? E as críticas dos jornalistas não seriam pelo fato de muitas vezes não conseguirem passar tanta emoção e informação com as palavras?
O impacto se fez pelo fato de a sociedade não estar acostumada ao tipo de abordagem utilizada, mostrando um problema da sociedade. Foi uma amostra do que se pode atingir.
A visão da utilização da Publicidade ainda é pequena frente ao grande potencial que ela tem, mas é por uma questão de interesses e não por seu potencial ser desconhecido. Precisamos de uma reinvenção do sistema publicitário, pois futuramente pode haver uma cobrança de um público cansado de ilha da fantasia. A responsabilidade também cairá sobra aqueles que fecham e fazem as pessoas fecharem os olhos para o mundo real.

Um comentário:

Maria Rita Braz disse...

Tatiana, parece que vc se identificou bastante com a leitura!
Muito interessante sua reflexão, que tal a gente colocar p a turma e ver o que acham? Da uma excelente discussão. Topa?
Podíamos colocar a seguinte questão: A publicidade cria necessidades? Ou a publicidade trabalha com os desjos existentes? Isso é diferente: desejo e necessidade...
Vou levar uma fita com uma entrevista do Toscani para assistirmos. Acho que é o momento. E vc foi a única pessoa até agora que levantou esta questão tão importante.
Vamos lá?
Beijo

 

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